quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Sistema do "Ouriço" (ou "Porco Espinho") - Ruptura d6-d5 Parte II

Olá Pessoal!

Darei continuidade ao artigo passado com mais uma partida em que as pretas conseguem executar a ruptura central d6-d5 em condições ótimas.

(15) Yermolinsky,Alexander - Salov,Valeri [A30]

Wijk ann Zee , 1997



1.Cf3 Cf6 2.c4 c5 3.Cc3 e6 4.g3 b6 5.Ag2 Ab7 6.0-0 Ae7 7.d4 cxd4 8.Dxd4 0-0 9.Td1 Cc6 10.Df4 Db8 11.e4 d6
Esta Variante da Abertura Inglesa é um outro caminho para se chegar ao Sistema do "Ouriço" (ou "Porco Espinho"). 12.b3 Ce5 Dado que a posição é sólida para ambos ,a partida passa a uma fase de manobras em que os dois lados procuram a disposição ideal de suas peças. 13.De3 Ced7 14.De2 a6 15.Cd4 Dc7 16.Ad2 [Era necessário se antecipar a ameaça b5 , porém é provável que 16.Ab2 combinasse melhor com a jogada b3.] 16...Tfe8 17.Tac1 Tac8 18.Ae3 Db8 Assim as pretas completam sua mobilização ótima e a ruptura d6-d5 parece iminente. 19.f3 [Teria sido mais prudente 19.f4 para responder 19...d5 (19...Da8 20.Af2) com 20.e5 ] 19...d5! Um detalhe importante na posição branca é o fato do peão estar em "b3" , o que deixa a casa "a3" debilitada e o cavalo "c3" com pouca proteção. 20.cxd5 exd5 21.exd5? [Com a abertura do centro as brancas deveriam buscar uma máxima atividade para suas peças . Isto se poderia conseguir dirigindo o cavalo para a casa "f5" : 21.Af4 Ad6 22.Axd6 Dxd6 23.Cf5; ou 21.Cf5 diretamente. Com a coluna "e" aberta as pretas estão prontas para aproveitar todo o potencial dinâmico das torres e das peças menores.] 21...Aa3 22.Tc2 Txc3! 23.Txc3 Cxd5 24.Tcd3 Cc5 Após esta sequência forçada as pretas recuperam a qualidade e permanecem com a iniciativa. 25.f4 Cxd3 26.Txd3 Ac5 27.Axd5 Uma decisão que seguramente terá efeitos colaterais, pois a grande diagonal "h1-a8" ficará de posse do bispo negro. No entanto, era preciso aliviar a pressão sobre o ponto "e3". 27...Axd5 28.Cf5 [Este lance perde a qualidade , mas ao menos as ameaças negras mais imediatas chegam a um termo. A questão a saber era se as brancas poderiam se manter com: 28.Cf3 Ac6 29.a4 .A vantagem das pretas seria evidente , mas não se veria uma forma direta de ganho.] 28...Ae4 29.Axc5 Axd3 30.Dxd3 [Claro que se 30.Ce7+ Txe7] 30...bxc5 31.Dc3 f6 32.Dc4+ Rh8 33.Df7 As brancas chegam inclusive a iniciar ações ofensivas contra o rei negro. Entretanto, essa escaramuça é apenas temporária e cedo ou tarde a desvantagem material vai cobrar o seu preço. 33...Tg8 34.h4 De8 35.Dd5 De1+ 36.Rg2 De2+ 37.Rh3 h5 38.Cd6 Dg4+ 39.Rg2 Tf8 40.Rf2 Rh7 41.Dxc5 Td8 42.Dc2+ g6 43.Dc4 Dd7 44.Ce4 De7 45.Dc3 Rg7 Por fim as pretas neutralizam a atividade branca e o seu contra-ataque em breve finalizará a partida. 46.Rf3 Te8 47.Dd3 Db7 Com a mortal ameça f5 (48.Dd4 Rg8 49.Dc4 Rh7). 0-1







domingo, 22 de fevereiro de 2009

Sistema do "Ouriço" (ou "Porco Espinho") - Ruptura d6-d5

Caros amigos

Olá!

Hoje abordarei a estrutura de peões conhecida como Sistema do "Ouriço" (ou "Porco Espinho").

Para aqueles que desejam fazer um estudo mais aprofundado do tema recomendo a obra "Revolução nos anos 70" (Revolution in the 70s) de autoria de Gary Kasparov. No capítulo 1 deste livro ("Hedgehog" System) o ex-campeão mundial além de citar vários exemplos ,também nos conta a história do desenvolvimento e os protagonistas deste sistema.

Mostrarei a seguir dois exemplos em que as pretas conseguem executar seu principal plano : a ruptura d6-d5.

(1) Calçado ,Acyr R. - Matsuura,Everaldo [B44]

Paranavaí, 1988



1.e4 c5 2.Cf3 e6 3.d4 cxd4 4.Cxd4 Cc6 5.Cb5
[Se 5.c4 imediatamente ,as pretas podem se aproveitar do fato que o seu bispo "f8" ainda não está bloqueado : 5...Cf6 6.Cc3 Ab4] 5...d6 6.c4 [ Uma variante em moda nos anos 80. Enquanto que : 6.Af4 e5 7.Ae3 Cf6 8.Ag5 ,foi uma das armas que Fischer utilizou nos matchs contra Taimanov e Petrosian nos anos 70.] 6...Cf6 7.C1c3 a6 8.Ca3 Ae7 [A ruptura "standard" 8...d5 neste momento é precipitada : 9.cxd5 exd5 10.exd5 Cb4 11.Ac4 . Embora Kasparov tenha obtido sucesso em seu match contra karpov em 1985 (que o consagrou como campeão mundial pela primeira vez) ,análises posteriores não confirmaram a correção dessa continuação. (ou 11.Ae2 ) ] 9.Ae3 0-0 10.Ae2 b6 11.0-0 Ab7 12.f4 [Um plano audaz. As brancas ganham mais espaço no centro , mas também deixam o peão e4 mais vulnerável. 12.Db3 Cd7; ou 12.f3 são mais seguros.] 12...Tc8 13.Af3 Te8 Este lance está de acordo com o principal projeto das pretas : a ruptura d6-d5.Como se verá mais adiante é de suma importância a torre estar preparada para a abertura do centro. 14.Tc1 Cb4? [A casa mais apropriada para este cavalo normalmente é d7 ,mas se 14...Cb8 15.Db3 Cbd7 16.Ca4 o peão b6 torna-se um problema.; 14...Dc7 parece perigoso ,pois 15.Cd5 quase sempre é desagradável nesse tipo de posição. Porém uma análise um pouco mais profunda nos revela um outro detalhe fundamental : 15...exd5 16.cxd5 Db8 17.dxc6 Txc6 18.Txc6 Axc6 , as pretas tem a debilidade "d6" ,mas por seu turno as brancas a tem em "e4". Aqui se faz notar o inconveniente do lance f4.; Na verdade por transposição de jogadas depois de 14...Dc7 chega-se a partida Bellon Lopes - Portisch , Las Palmas 1976 , que veremos mais adiante.] 15.Tf2? [Era necessário aproveitar imediatamente a posição insegura do cavalo com 15.Db3 e se 15...d5 (15...Cd3 16.Tcd1 Cc5 17.Axc5 Txc5 18.e5 Axf3 19.Txf3) 16.cxd5 exd5 17.Tfd1 . Aqui vemos um outro fator : a tão sonhada ruptura central encontra um obstáculo se a dama preta ainda se encontra na coluna "d".] 15...Dc7 16.Td2 A idéia das brancas é colocar pressão em d6 e conter o avanço d6-d5. 16...Db8 A dama finalmente encontra um sítio seguro. 17.Db3 [Não compensaria 17.Axb6 devido a 17...Axe4] 17...d5! O desejo de libertação se realiza e sua concretização está facilitada pela má disposição das peças brancas (Ca3, Be3 ,Td2 ,Tc1). 18.cxd5 exd5 19.exd5? [Era imprescindível manter o centro ao menos parcialmente bloqueado : 19.e5 Ce4 20.Tdd1 a5 . A excelente posição dos cavalos negros seria uma boa compensação pelo peão isolado ,mas as brancas estariam fora de perigo. ( 21.Axe4?! (21.Axb6? Ac5+ 22.Axc5 Cxc5) 21...dxe4 22.Axb6 Cd3 .)] 19...Cbxd5 20.Axd5 Cxd5 21.Txd5 [Se 21.Af2 Dxf4] 21...Axd5 22.Cxd5 [22.Dxd5 Axa3 23.bxa3 Txe3] 22...Txc1+ 23.Axc1 Axa3 24.Dxa3 Te1+ Aqui se faz notar a importância da torre estar antecipadamente mobilizada na coluna "e". 25.Rf2 Txc1 Fazendo as contas entre os mortos e feridos as pretas emergem com uma qualidade a mais. 26.Db4 Tc5 27.Ce3 Dd6 28.Cf5? Tc2+ 0-1







(2) Bellon Lopes,Juan M. - Portisch,Lajos [B44]

Las Palmas, 1976



1.e4 c5 2.Cf3 Cc6 3.d4 cxd4 4.Cxd4 e6 5.Cb5 d6 6.c4 Cf6 7.C1c3 a6 8.Ca3 Ae7 9.Ae2 0-0 10.0-0 b6 11.f4 Ab7 12.Af3 Dc7 13.Ae3 Tac8 14.Tc1 Tfe8 15.Tf2
[Era de se considerar 15.Cab1 Ca5 16.b3 ,e o cavalo não ficaria "solto" em "a3".] 15...Aa8 16.Td2 O mesmo plano empregado no exemplo anterior.Uma questão a saber é se esta partida era do conhecimento do Acyr Calçado. Eu a desconhecia totalmente. 16...Ca5 17.b4?! [Agora já não seria possível 17.b3 por causa de 17...d5; Era ,no entanto ,mais prudente 17.Tcc2 para responder a 17...Cxc4 com 18.Cxc4 Dxc4 19.Cd5 e a torre em "c2" está defendida.] 17...d5! [Se 17...Cxc4 18.Cxc4 Dxc4 19.Tb2 Dc7 20.Cd5 e as brancas recuperam o peão. A ruptura padrão do texto está facilitada pelo indefeso cavalo em "a3". ] 18.c5 [Depois de : 18.bxa5 Axa3 19.axb6 Dxc4 as pretas se apoderam da iniciativa.] 18...bxc5 19.exd5? [Tanto 19.bxa5 d4; como 19.bxc5 Axc5 20.Cc2 Cc4 não funcionariam.; Entretanto as brancas ainda dispunham de um recurso : 19.e5 cxb4 (19...d4 20.exf6 Axf6 21.bxa5 dxe3 22.Tdc2 Dxf4 23.Axa8 Txa8 24.De2) 20.Cxd5! Dxc1 21.Cxe7+ Txe7 22.Td8+ Txd8 23.Dxc1 Ted7 24.exf6 Axf3 25.Dc5 Ad5 26.Dxa5 bxa3 27.fxg7 Axa2 28.Dxa3 .É provável que as pretas mantivessem a vantagem , mas as brancas continuariam no páreo.] 19...cxb4 20.d6 Axf3 21.gxf3 [21.Dxf3 Axd6] 21...Db8 22.dxe7 bxc3 23.Tg2 Cc6 24.Txc3 Cxe7 Concluída a fase das complicações a sorte da partida parece estar selada. 25.Tb3 Dc7 26.Da1 Cg6 27.Tc2 De7 28.Cc4 Cd5 29.Ad4 Cgxf4 30.Rh1 f6 31.Db1 e5 32.Af2 De6 33.Ag3 Dh3 0-1

Referência: Esta partida está publicada no Informador n.o 21.







terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Temas Combinatórios

Olá amigos !

Hoje mostrarei uma partida que joguei no Circuito Paulista Dinâmico-Etapa Alphaville , no último sábado (14-02). Nela consegui utilizar um tema combinatório que havia estudado poucos dias atrás no livro "Motivos Combitórios" de autoria do russo Maxim Blokh (na verdade eu estava corrigindo alguns exercícios de um aluno).A partida teve um desfecho não muito afortunado para mim por dois motivos: primeiro , os recursos defensivos eram maiores em relação a posição que havia visto no livro ;e segundo, a excelente defesa do meu adversário,o jovem Luís Guilherme Abdalla.De todas as formas considero o tema instrutivo e sendo assim disponibilizarei dois diagramas da obra citada , além da partida.






(5) Todorcevic - Jean

França, 1969

1.Cxh7! Rxh7 2.Dh5+ Rg8 3.Axg6 Tf7 [Se 3...Td8 4.Ag5+-] 4.Dh7+ Rf8
5.Ah6
Com idéia Dh8#. 5...Axh6 [Não funcionaria : 5...Dxf2+ 6.Rh1
Cf6 7.Dh8+ Cg8 8.Dxg7+ Txg7 9.Te8#] 6.Dxh6+ Dg7 [Outros lances
levariam ao mate : 6...Rg8 7.Te8+ Cf8 8.Txf8+ Txf8 9.Dh7#; 6...Tg7 7.Te8#]
7.Te8+ e as brancas ganham a dama. 1-0





(6) Matsuura,E. (2483) - Abdalla,Luís Guilherme [C06]Circuito Paulista Dinâmico-Alphaville Alphaville (3), 14.02.2009


1.e4 e6 2.d4 d5 3.Cd2 Cf6 4.e5 Cfd7 5.Ad3 c5 6.c3 Cc6 7.Cgf3 g6 [Outras possibilidades seriam : 7...Db6 8.0-0 cxd4 9.cxd4 Cxd4 10.Cxd4 Dxd4 11.Cf3; 7...Ae7 8.0-0 g5!?] 8.0-0 [8.h4!?] 8...Ag7 9.Te1 0-0 10.Cf1 f6 11.exf6 Dxf6 Neste momento recordei-me do diagrama anterior ,o qual havia estudado poucos dias antes, e vislumbrei a possibilidade de chegar a uma situação muito parecida na presente partida. 12.Ag5 Df7 13.Ae3 cxd4 14.cxd4 e5 15.Cg5 Df6 16.Cxh7!? Aqui este lance não merece um ponto de exclamação , pois ao contrário da posição anterior ele não conduz à vitória.Por se tratar de uma partida de xadrez rápido não pude calcular todas as consequências do sacrifício, mas considerei que ao menos teria compensação pelo cavalo.As próximas jogadas são forçadas para ambos os lados. 16...Rxh7 17.Dh5+ Rg8 18.Axg6 Tf7 19.Dh7+ Rf8 20.Cg3 exd4 21.Ah6? [Durante a partida considerei que a continuação : 21.Ch5 dxe3 22.Cxf6 exf2+ 23.Rxf2 Cxf6 seria perigosa para as brancas , pois as pretas contam com três peças pela dama ,além da possibilidade de um xeque descoberto no próximo lance.A partida teria , no entanto , desembocado num xeque perpétuo : 24.Dh4 Ce4+ 25.Rg1 Ad4+ (Nada há de melhor para as pretas) 26.Rh1 Cf2+ 27.Rg1 Ce4+= Esta seria a melhor opção para as brancas , pois com o lance do texto a iniciativa passa às negras.] 21...Cde5! [Um recurso inexistente no exemplo anterior : a cobertura da coluna "e".Se : 21...Axh6 22.Dxh6+ Dg7 (22...Rg8 23.Te8+ Cf8 24.Txf8+ Txf8 25.Dh7#) 23.Te8+ Rxe8 24.Dxg7+- e tudo termina como no diagrama anterior; ou : 21...Cce5 22.Dh8+ Re7 23.Axg7 Dxg6 (23...Dxg7 24.Cf5+) 24.Axe5+- com um ataque decisivo.] 22.Axf7 Rxf7! [Ainda um lance único. Após : 22...Dxh6 23.Dg8+ Re7 24.Axd5+- as pretas estariam em grandes dificuldades.] 23.Axg7 Dxg7 24.Dh5+ Rf8 25.h3 Ad7-/+ O negro finalmente completa seu desenvolvimento e a iniciativa branca chega ao seu fim. 26.Cf5 Axf5 27.Dxf5+ Rg8 28.De6+ Rh8 29.Dxd5 Os seguintes lances foram feitos já sobre o apuro de tempo , o que explica em parte a imprecisão de alguns lances. 29...Td8?! [29...Tf8] 30.De4 d3? 31.f4? [31.Dh4+ Rg8 32.Te3 Td4 33.Dh5<=> e o branco volta a ter chances.] 31...Td4 32.De3 d2?! [32...Cg6] 33.Tf1? [Aqui era necessário sacrificar a qualidade para eliminar o perigoso peão passado : 33.fxe5 dxe1D+ 34.Txe1~~] 33...Cc4 34.De8+ Rh7 35.f5 Df6!-+ Depois deste lance as esperanças brancas se esvaem. 36.Tad1?! [36.Tab1] 36...Cxb2 37.Dh5+ Rg7 38.Tf3 Cxd1 39.Tg3+ Rf8 40.Tg6 Dh4 Uma excelente partida no aspecto defensivo do jovem Luís Guilherme Abdalla ! 0-1








(7) Elderhorst - van Neukerk Holanda, 1987


Neste exemplo o ponto g6 está mais bem protegido , pois há também o peão f7. 1.Cxh7! Rxh7 2.Txf7! Com este outro sacrifício o peão g6 torna-se vulnerável. 2...Txf7 [Se 2...Rg8 3.Axg6 Txf7 4.Dh5 ,a posição seria a mesma da partida.] 3.Dh5+ Rg8 4.Axg6 Tf1+ [Defender a torre não salvaria : 4...Ae6 5.Dh7+ Rf8 6.Ah6 Re8 7.Dxg7+- seguido de Tf1; ou : 4...De8 5.Dh7+ Rf8 6.Ah6 e6 7.Axg7++- Re7 8.Af6+ e as brancas vencem.] 5.Rxf1 Dd7 6.Dh7+ Rf8 7.Ah6 e6 8.Dh8+ 1-0


sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

A Luta contra os "Peôes Colgantes"

Olá Pessoal !

No artigo do dia 20/01 defendi o lado bom dos "Peões Colgantes". Hoje vou defender o lado contrário. A primeira é uma partida do ex-candidato ao título mundial o GM Arthur Yusupov.A segunda é uma partida minha , que foi jogada em uma data anterior àquela.

(3) Yusupov,A. - Klovans,Y. [D53]

Groningen, 1992



1.d4 Cf6 2.Cf3 d5 3.c4 e6 4.Cc3 Ae7 5.Ag5 0-0 6.Tc1 h6 7.Ah4 b6 8.cxd5 Cxd5 9.Cxd5 exd5 10.Axe7 Dxe7 11.g3
[Outra possibilidade seria 11.e3 . Com o lance do texto as brancas esperam pressionar com mais eficiência o ponto "d5".] 11...Ae6 [Aqui ofereceria mais possibilidades de um jogo ativo : 11...Te8 12.Ag2 Aa6 (aproveitando-se do momentâneo enfraquecimento do peao "e2") 13.e3 (se 13.Ce5 as pretas dispõem de um recurso surpreendente : 13...Cd7 ,e se agora : 14.Txc7 (é melhor 14.f4 ) 14...Tac8!! 15.Txd7 Db4+ 16.Rf1 Dxd4! 17.Cd3 Txe2! 18.Rxe2 Te8+ 19.Rf1 Dxd3+ 20.Dxd3 Axd3+ 21.Rg1 Te1+ 22.Af1 Axf1 23.h4 Ad3+ 24.Rh2 Te2 com excelente compensação pela qualidade.) 13...c5 14.Da4 Tc8 15.Ce5 De6] 12.Ag2 Tc8 13.0-0 c5 14.dxc5 bxc5 15.Ce5 [A Variante Tartakower do Gambito da Dama é uma boa fonte de exemplos da estrutura dos "Peões Colgantes".As brancas iniciam agora uma manobra com o cavalo para pressioná-la da forma mais efetiva.Como o leitor já deve saber tal centro de peões pode ter muita força dinâmica , mas sob determinadas circunstâncias também pode representar uma séria debilidade. 15.Ce1 também responderia aos anseios das brancas , com a mesma idéia de levar o cavalo a "d3" , mas com uma vantagem :o seu rival negro já não poderia ir a "d7". E se 15...Cc6 16.Cd3 as pretas encontrariam mais dificuldade em sustentar seus peões.] 15...Cd7 16.Cd3 a posição ideal para o cavalo , pois além de pressionar em "c5" ele pode a qualquer momento ir a "f4" e ,juntamente com o bispo, atacar o outro peão. 16...Tab8 17.b3 d4 Esta decisão é compreensível já que as pretas se livram da necessidade da proteção deste peão e ganham mais espaço no centro. Porém a estrutura central perde flexibilidade devido ao caráter bloqueado. 18.Cf4 Af5 [As pretas deveriam ter considerado a possibilidade de operações ativas no flanco da dama com 18...a5 ,seguido de a4.] 19.Te1! Cf6 20.e4! dxe3 [Abster-se da troca conduziria a uma posição passiva : 20...Ae6 21.e5 Cd7 22.Cd5] 21.Txe3 Como muitas vezes acontece o peão " e" é trocado pelo "d" e a única coisa que resta dos "Colgantes" é uma debilidade em "c5".Além disso a partida adquire um caráter aberto em que a atividade das peças brancas é preponderante.. 21...Dc7 22.De1 Db6 [As pretas não caem na armadilha : 22...Te8 23.Cd5 Txe3 24.Cxf6+ gxf6 25.Dxe3 com um total colapso da estrutura de peões das negras.] 23.Te7 a5 Uma tentativa que deveria ter sido executada muitos lances atrás. De todas as formas é difícil encontrar outro tipo de contra-jogo. 24.De5 Ah7 25.Te1 Tf8 [Após 25...a4 existiria o perigo da primeira fila : 26.Cd5 Cxd5? 27.Te8+ Txe8 28.Dxe8+ Txe8 29.Txe8#] 26.Ad5 a4 [26...Cxd5 27.Cxd5 Dd8 28.Cf4 com a dupla ameaça : Dxa5 e Ch5.] 27.Ac4 axb3 28.axb3 Db4 29.h3 Ac2 30.Te3 O branco reforça paulatinamente sua posição e seu oponente está impossibilitado de qualquer empreendimento efetivo. 30...Tbd8 31.Dc7 Td1+ 32.Rg2 Rh8 33.Txf7 Txf7 34.Dxf7 Neste momento as pretas excederam o limite de tempo. De qualquer maneira, fosse qual fosse a jogada negra, a posição seria indefensável como o leitor mesmo pode comprovar. 1-0





(4) van Riemsdyk,Dirk Dagobert - Matsuura,Everaldo [A30]

Goiânia, 1988



1.Cf3 Cf6 2.b3 g6 3.Ab2 Ag7 4.e3 c5 5.Ae2 0-0 6.c4 Cc6 7.0-0 b6 8.d4 cxd4 9.exd4 d5 10.Ce5 Ab7 11.Af3 Tc8 12.De2
[Teria sido mais prudente terminar imediatamente o desenvolvimento com 12.Cc3 e após : 12...dxc4 13.bxc4 Aa8 14.Axc6 Axc6 15.Te1 ,as brancas poderiam manter satisfatoriamente os seus peões centrais.] 12...dxc4 13.Cxc6 [Eliminar o cavalo de "c6" é uma medida necessária , pois se : 13.bxc4? Cxd4 14.Axd4 Dxd4 , as pretas ganham peão.; Entretanto , talvez fosse melhor tomar com o bispo para diminuir a simplificação : 13.Axc6 Axc6 14.bxc4 Ab7] 13...Axc6 14.Axc6 Txc6 Depois de todas essas trocas as pretas ficaram em posição favorável para pressionar o par central branco , enquanto que as brancas ainda não concluiram seu desenvolvimento. 15.bxc4 Se o bispo e a torre branca estivessem em e3 e c1 e a torre e o peão negro em c8 e b6 respectivamente , teríamos uma posição idêntica a partida anterior (com as cores invertidas). Na atual circunstância será mais facil às negras tomar a iniciativa. 15...Ce8! Uma manobra já familiar. 16.Td1 Cd6 17.Cd2 Dc7 18.Tac1 Tc8 19.Aa1 e6 20.d5? [Era possível salvar o peão com 20.c5! Cf5 (a captura 20...bxc5 21.dxc5 Txc5? 22.Txc5 Dxc5 23.Axg7 Rxg7 24.Cb3 Dc6 25.De5+ perde o cavalo de d6.) 21.Ce4 Td8 22.Dc4 Ce7 , embora as pretas pudessem continuar pressionando os peões brancos.] 20...exd5 21.Axg7 Rxg7 22.De5+ Rg8 23.Dxd5 Cxc4 24.Ce4 De5 25.f4? [Depois desse lance as brancas perdem um segundo peão.Após 25.Dxe5 Cxe5 26.Txc6 Txc6 ,as pretas teriam todas as chances de ganhar o final , mas a luta prosseguiria.] 25...Dxf4 26.Tf1 Ce3! 27.Dxc6 Txc6 28.Txf4 Txc1+ Agora o resultado pode considerar-se definido. 29.Rf2 Cd5 30.Tf3 Tc2+ 31.Rg3 Txa2 32.Td3 Ce7 33.Td7 Cf5+ 34.Rf4 Txg2 35.h3 Rg7 36.Txa7 h6 37.Tb7 Tb2 38.Re5 Tb5+ 39.Rf4 Tb4 40.Td7 Cg3 41.Rxg3 Txe4 0-1





segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Peão Dama Isolado - Ruptura f4-f5

Amigos

Olá !

Hoje abordarei uma estrutura de peões frequente na prática de torneios.

Trata-se do Peão Dama Isolado. Posto que a variedade de planos é grande neste tipo de posição , torna-se adequado subdividir o seu estudo , razão esta do título do artigo. Primeiro mostrarei uma partida do Botvinnik na qual ele utiliza uma idéia um tanto rara ,e em seguida um exemplo da minha prática de torneios. Apesar das aberturas serem diferentes , as estruturas (de peões) tornam-se iguais no meio-jogo . Este é o motivo pelo qual creio ser, neste caso , de maior utilidade o estudo dessa fase , pois por distintos caminhos pode se chegar ali.

(1) Botvinnik,Mikhail - Vidmar,Milan [D40]

Nottingham, 1936



1.c4 e6 2.Cf3 d5 3.d4 Cf6 4.Cc3 Ae7 5.Ag5 0-0 6.e3 Cbd7 7.Ad3
[Nesta posição é mais usual 7.Tc1 ] 7...c5 [Era de se considerar primeiro 7...dxc4 8.Axc4 e apenas então 8...c5 para eliminar a possibilidade da captura em d5.] 8.0-0 [As brancas dispunham de outra boa continuação 8.cxd5 Cxd5 9.Axe7 Cxe7 10.Tc1] 8...cxd4 9.exd4 [Claro que não era necessário isolar o peão: 9.Cxd4 dxc4 (9...e5 10.Cf5) 10.Axc4 a estrutura de peões ficaria simétrica e as brancas teriam uma pequena vantagem no desenvolvimento , mas o mais provável seria que as pretas num curto espaço de tempo minimizassem esse fator. Botvinnik era um grande adepto do Peão Dama Isolado,sendo assim sua decisão foi tomada sem grande esforço.] 9...dxc4 10.Axc4 Cb6?! [Teria sido melhor 10...a6 com o objetivo de ganhar espaço na ala da dama e se 11.a4 , para impedir b5 , as pretas obteriam a casa b4 para futuras manobras com o cavalo. (Se 11.De2 b5 12.Ab3 Ab7 13.Tfe1 Cb6 14.Tad1 Cbd5 as pretas chegariam a tempo de bloquear o perigoso avanço d4-d5.) ] 11.Ab3 Ad7 12.Dd3 Cbd5 [Mais seguro seria : 12...Cfd5 13.Ae3 (13.Ac2 g6) 13...Cxc3 14.bxc3 Aa4 (indicado por Botvinnik) , pois com esta simplificação o ataque contra o rei negro se dilui. Por outro lado a estrutura branca ganharia enorme força no centro e a criação de um peão passado por meio de c4 e d5 seria uma ameaça real.] 13.Ce5 Ac6 14.Tad1 [Não valeria a pena 14.Cxc6 bxc6 já que a debilidade do peão "c6" apenas se faria notar e a importante casa "d5" seria definitivamente reforçada.] 14...Cb4 15.Dh3 Agora se faz notar a diferença entre esta posição e a outra com os lances a4 e a6 intercalados.Nesta o cavalo poderia permanecer em b4 o tempo necessário e ao bispo branco seria negado o acesso a casa c2. 15...Ad5 Este lance obedece ao princípio que as trocas de peças menores (bispos e cavalos) favorecem o lado que está jogando contra o Peão Dama Isolado.No entanto , a sua troca pelo cavalo de "c3" vai favorecer o plano de ataque que se seguiu na partida. 16.Cxd5 Cbxd5?! [Era necessário 16...Cfxd5 propondo a troca dos bispos , o que aliviaria em parte o ataque branco no flanco do rei.] 17.f4! Com o bispo preto de casas brancas fora de combate não é preciso temer o enfraquecimento da grande diagonal "h1-a8" e consequentemente da casa "g2". O peão servirá de aríete para minar a base que sustenta a casa de bloqueio d5. 17...Tc8 [Tentar impedir f5 com 17...g6 não funcionaria devido a 18.Ah6 Te8 19.Aa4; Enquanto que a tentativa de simplificação mediante 17...Ce4 esbarraria em uma bonita combinação : 18.Cxf7!! Rxf7 (18...Txf7 19.Dxe6 Cef6 20.Axf6) 19.Tde1 Cxg5 20.fxg5+ Rg8 21.Dxe6+] 18.f5 exf5?! [Agora o cavalo em "d5" perde sustentação e o bispo de "b3" atinge tremenda força. Talvez resistisse mais 18...Dd6 ,apesar de após : 19.fxe6 fxe6 20.Tfe1 ,a nova debilidade originada ficar sobre "fogo cruzado".] 19.Txf5 Dd6? [Este lance deixa a torre de c8 sub-protegida . 19...Tc7 dificultaria a vitória branca ,entretanto após 20.Tdf1 ,cedo ou tarde o sacrifício em "f7" decidiria : 20...Cb6 (20...a5 21.Cxf7 Txf7 22.Axd5 Cxd5 23.Txf7 Axg5 24.De6+-) 21.Dh4 Cbd5 (21...a5 22.Txf6! gxf6 23.Ah6 Rh8 (23...fxe5 24.Dg3+ Ag5 25.Axg5+-; 23...Dxd4+ 24.Dxd4 Ac5 25.Dxc5 Txc5 26.Axf8+-) 24.Dg3 Dxd4+ 25.Rh1 Tg8 26.Cxf7#) 22.Cxf7! Txf7 23.Axd5 Cxd5 24.Txf7 Axg5 25.Dxg5!+-] 20.Cxf7! Txf7 21.Axf6 Axf6 [21...Cxf6 22.Txf6 seguido de Dxc8.] 22.Txd5 Dc6 23.Td6 [Não 23.Tc5?? Axd4+ 24.Txd4 Dxc5] 23...De8 24.Td7 1-0




(2) Matsuura,Everaldo - Menna Barreto,Luís N. [D60]

Sul-Americano de Xadrez Rápido Matinhos, 1993



1.e4 c6 2.d4 d5 3.exd5 cxd5 4.c4 Cf6 5.Cc3 dxc4 6.Axc4 e6 7.Cf3 Ae7 8.0-0 0-0 9.Ag5 Cbd7
[Era mais ativo 9...Cc6 e se 10.a3 (10.Dd3 Cb4) 10...b6] 10.Dd3 [Outra possibilidade seria 10.De2 seguido de Tfe1 e Tad1.] 10...Cb6 [10...a6] 11.Ab3 Ad7 12.Tad1 Ac6 13.Ce5 Ad5 14.Cxd5 Cbxd5 [Como já vimos é mais aconselhável 14...Cfxd5 . Chegamos , por um caminho totalmente diferente , a uma posição muito semelhante à partida Botvinnik - Vidmar (a única diferença está na posição da dama em "d3" e não em "h3"). Eu havia estudado com afinco aquela peleja e segui com segurança os mesmos passos do ex-campeão mundial. É interessante que até aqui as pretas tenham cometido descuidos iguais àquela vez.] 15.f4 Tc8 16.f5 Cd7? [Aqui 16...Dd6 é um pouco melhor do que no exemplo precedente , pois a dama branca ainda não se encontra em "h3". Muito embora após 17.Dh3 ,em essência as coisas não seriam muito diferentes (ou 17.fxe6 fxe6 18.Dh3) ] 17.fxe6 fxe6 [Se 17...Cxe5 18.dxe5 Db6+ 19.Rh1 fxe6 20.Axe7 Cxe7 21.Dd7 de todas as formas as brancas ganhariam o peão de "e6".] 18.Dh3 Agora a queda do peão é inevitável. 18...Cxe5 19.Dxe6+ Rh8 20.Axe7 Dxe7 21.Dxe7 Cxe7 22.dxe5 Cc6 23.e6 Tfe8 24.Td7 b5 25.a3 a5 26.Ad5 Ce5 27.Tb7 Cc4 28.Txb5 [Ganharia mais rápido 28.e7 Ce3 29.Ae6] 28...Ce3 29.Te1 Cxd5 30.Txd5 e as brancas venceram após mais alguns lances. 1-0





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quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Cavalo Superior ao Bispo no Final - Parte II

Caros Leitores

Olá!

Hoje darei continuidade ao tema do post passado.

Mostrarei uma partida que joguei com o Mestre Fide brasiliense Adriano Valle de Souza na Taça BCX do ano de 1999. As características são um tanto diferentes da partida passada , mas ainda refletem a superioridade do cavalo sobre o bispo.

(5) Matsuura,Everaldo (2408) - Valle,Adriano (2191) [C18]

Brasilia Cup 3th Brasilia (5), 22.08.1999



1.e4 e6 2.d4 d5 3.Cc3 Ab4 4.e5 c5 5.a3 Axc3+ 6.bxc3 Ce7 7.h4
Em outros tempos este esquema de abertura poderia ser severamente criticado.Como se atrevem as brancas a jogar apenas com os peões em detrimento do desenvolvimento ? Entretanto , no xadrez moderno cada posição é tratada observando-se todas as suas características.Na presente situação o centro encontra-se bloqueado e não existe a iminência de que ele vá se abrir imediatamente.Por esta razão as brancas podem primeiro ganhar mais espaço na ala do rei e só então completar o seu desenvolvimento. 7...Cbc6 8.h5 Da5 9.Ad2 h6 [As pretas poderiam prescindir deste lance em favor de 9...Ad7 . É certo que após 10.h6 poderiam enfrentar dificuldades nas casas pretas ("g5","f6","h6"),mas ganhariam em contrapartida a coluna g ,possibilidades de abrir o centro e uma mobilização mais rápida de suas peças.] 10.Cf3 cxd4 11.cxd4 Da4 12.c3!? [Aqui muitos preferem 12.Ac3 . No entanto, há algum tempo atrás vi o M.I. Herman Claudius ,nesta mesma posição ,trocar as damas e vencer a batalha na ala do rei.Acho que essa partida foi convincente para mim !] 12...Dxd1+ 13.Rxd1 Ca5 14.Ad3 Ad7 15.Re2 Ac6 As pretas iniciam um jogo de manobras no flanco da dama onde as brancas tem algumas debilidades.Isso , porém, facilita a ruptura f4-f5 deste último. 16.Ch4 Cc4 17.Ac1 Cc8 18.f4 C8b6 19.f5 Ca4 20.Ad2 Cab2 21.fxe6 fxe6 22.Cg6 Aqui se nota uma das utilidades do avanço h4-h5.Ao induzir as pretas a jogar h6 a casa "g6" ficou livre para o cavalo. 22...Tg8 23.Ac2 Ab5 24.a4 É importante obrigar o bispo a tomar uma decisão. Em "a6" ele terá mais dificuldade em defender pontos importantes na ala do rei. 24...Aa6 [Em caso de 24...Cxd2+ ,então 25.axb5 Cdc4 26.Ta2 e o cavalo não pode retornar.] 25.Re1 Cxd2 26.Rxd2 Cc4+ 27.Rc1 Ce3 28.Th3 Cxc2 [28...Cxg2 29.Rd2] 29.Rxc2 Tc8 [Se o bispo pudesse alcançar a diagonal "b1-h7" as pretas poderiam contar com uma sólida defesa ,pois ele poderia eliminar o cavalo branco em um momento oportuno e também manter a coluna f cerrada. Mas após 29...Ae2 30.Th4!+/- essa ilusão teria que ser abandonada.] 30.Rd2! Para tirar ao bispo a casa de acesso "e2" .Na presente situação poderia parecer mais bem um caso de "bispo mau" versus um "cavalo mais ou menos",já que este último conseguiu apenas se alojar numa casa da borda do tabuleiro. Na verdade ele tem uma função importante ali :dificultar o acesso da torre negra de "g8" à coluna "f". 30...Tc7 31.Tf3 Tf7 32.Tb1!? Txf3 [Não restavam muitas opções às negras. Se 32...b6 33.a5 Tb7 34.Cf4 Re7 35.Tg3 bxa5 36.Tg6! (Fritz) 36...Txb1 37.Txe6+ Rd7 38.Txa6 Tb5 39.Rd3 (com idéia Cxd5 seguido de c4) e os peões centrais brancos devem garantir a vitória.; Talvez valesse a pena tentar 32...Tc7 . As brancas poderiam ,então, penetrar pela coluna "f": 33.Th1 Tc4 (33...Tf7 34.Thh3+/-) 34.Thf1 Txa4 35.Tf8+ Txf8 36.Txf8+ Rd7 37.Tf7+ Rc6 (37...Re8 38.Txg7 Ta2+ 39.Re3 Txg2 40.Te7+ Rd8 41.Txe6 Tc2 42.Cf4 Txc3+ 43.Rd2 Tc6 44.Tg6! Ac4 45.e6 a5 (45...Ta6 46.Txh6+-) 46.Txh6 a4 47.Th8+ Re7 48.Th7+ Rd8 49.Txb7) 38.Cf4 Ta2+ 39.Re3 Tc2 40.Txg7 Txc3+ 41.Rd2 Tc4 42.Cxe6 b5 43.Cd8+ Rb6 44.Tg6+ Ra5 (44...Rc7 45.Ce6+ Rc8 46.Txh6 b4 47.Tg6 b3 48.Tg8+ Rd7 49.Cc5++-) 45.Cc6+ Ra4 46.e6 Txc6 47.e7 Tc8 48.Txa6+ Rb3 49.Txh6 Te8 50.Te6 a5 51.h6 a4 52.h7 a3 53.g4 a2 54.Ta6 Rb2 55.g5 b4 56.g6 b3 57.g7+- Essas variantes todas foram analisadas no aconchego do lar e com o valioso auxílio do computador.Algumas delas requerem cálculo profundo . Resta saber se as brancas teriam tido segurança e tempo suficientes para embarcar nesse labirinto.] 33.gxf3 Agora as brancas terão a oportunidade de uma segunda ruptura em "f5",desta vez com um efeito mais contundente , pois o peão de "d5" perderá sustentação. 33...Rf7 34.f4 Tc8 35.Ch4 [Era possível imediatamente 35.f5 exf5 36.Cf4 Td8 37.a5+/-] 35...Tc4 36.Ta1 Tc6 37.a5! Para não permitir a casa b6 à torre negra. 37...Tc7 [Depois de 37...Ac4 38.f5 Ta6 39.Re3 b6 40.fxe6+ Rxe6 41.Tg1 Txa5 (ou 41...bxa5 42.Txg7 a4 43.Rf4 Ad3 (43...a3 44.Cf5 e mate em e7.) 44.Cg6+-) 42.Tg6+ Rf7 43.e6+ Rf8 44.Cf5 Ta1 45.e7+ Re8 46.Txg7 Te1+ 47.Rf4 Rd7 48.Tg8+- as brancas vencem.] 38.f5 Ab5 39.fxe6+ Rxe6 40.Tg1 Ae8 [Não salvaria 40...Tf7 41.Re3 Tc7 42.Tg6+ Rf7 43.Cf5 Txc3+ 44.Rf4 Rf8 45.Cxg7 Ad3 46.Cf5 Axf5 47.Rxf5+-] 41.Cg6 Tf7 [41...Axg6 42.Txg6+ Rf5 43.Rd3 Td7 44.c4 dxc4+ 45.Rxc4 Re4 46.Tg4+ Rf5 47.Tg1+- e os dois peões centrais serão suficientes.] 42.Re3 Tf5 43.Cf4+ Agora sim podemos falar de um "cavalo bom". 43...Rf7 44.Cxd5 Por fim cai o último baluarte da "estrutura francesa". 44...Rf8 [44...Txh5 45.e6+ Rf8 (45...Rxe6 46.Cf4+) 46.Tf1+ Rg8 47.e7 Af7 48.Cc7+-] 45.Cf4 Axh5 46.Ce6+ Rf7 47.Cxg7 Tf3+ 48.Re4 Th3 49.Cxh5 Txh5 50.Tb1 1-0





terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Cavalo Superior ao Bispo no Final

Olá Pessoal !

Antes de mais nada gostaria de agradecer as palavras de apoio que recebi desde a primeira publicação deste blog ,assim como também as pessoas que o tem acompanhado.Obrigado também ao Sílvio Cunha Pereira , meu amigo de Joinville, pela dica dada para melhor acompanhar as partidas.

Neste artigo veremos um exemplo de Cavalo superior ao Bispo no final. Foi uma partida que joguei na última rodada do Aberto do Brasil realizado em Jundiaí no ano de 1998. O meu oponente foi o mestre internacional James Mann de Toledo. Apesar da derrota acho que aprendi bastante , pois a maneira como as brancas conduziram a partida foi muito instrutiva.

(2) De Toledo,James Mann (2410) - Matsuura,Everaldo (2405) [B47]

Brasil op Jundiai, 1998



1.e4 c5 2.Cc3 Cc6 3.Cge2 e6 4.d4 cxd4 5.Cxd4 d6 6.g3 a6 7.Ag2 Dc7 8.0-0 Ad7 9.Te1 Ae7 10.Cxc6 bxc6
[Parece melhor 10...Axc6 e se 11.Dg4 h5 12.De2 (12.Dxg7? Af6) 12...h4 com possiblidades recíprocas.] 11.b3 Cf6 [Se 11...e5 as pretas terão que considerar a pressão sobre o ponto "d6" e também o lance "f4" das brancas.] 12.Ab2 [Era possível imediatamente 12.e5 dxe5 13.Ab2 0-0 14.De2] 12...0-0 [12...e5] 13.e5 dxe5 14.De2 [14.Ca4] 14...Ac5? [Um erro posicional. Era imprescindível 14...Cd5 15.Cxd5 exd5 (15...cxd5 16.Axe5 Ad6 17.c4 Ac6 18.Tac1+/-) 16.Axe5 Ad6 17.Axd6 Dxd6+/= E embora as brancas mantivessem a vantagem por sua melhor estrutura de peões, as pretas podiam contar com uma defesa mais ativa.] 15.Ca4 [Claro que se 15.Dxe5? Axf2+] 15...Ad4 16.Tad1 Axb2 17.Cxb2 e4 Após esse lance e a subsequente troca as brancas ficarão com um cavalo superior ao bispo negro. No entanto , era difícil às negras suportarem a atividade do bispo de "g2" ao longo da grande diagonal. 18.Axe4 Cxe4 19.Dxe4 Tad8 [Se 19...c5 20.De5+/- Tfc8 o bispo ganharia mais liberdade , porém o peão de c5 correria um sério risco de perecer.] 20.De5! Dxe5 [Evitar a troca das damas não aliviaria a pressão sobre as debilidades no campo negro : 20...Da7 21.Cd3] 21.Txe5 Ac8 [Era mais prudente agora ,ou na próxima oportunidade, erigir uma estrutura de peões no centro que propiciasse algum contrajogo e uma perspectiva melhor para o bispo : 21...f6 22.Tc5 e5 23.b4 Ah3 24.Txc6 Txd1+ 25.Cxd1 Td8 26.Ce3 Td2 27.f3 Te2 ,embora depois de 28.Tc3+/- as brancas tivessem boas chances de vitória.] 22.Txd8 Txd8 23.Cd3 Rf8 [A última ocasião para 23...f6 24.Tc5 e5 25.f3 (25.Txc6 e4) 25...Td6 26.Rf2+/- a vantagem branca seria evidente ,mas as pretas teriam um pouco mais de espaço.; Enquanto que se 23...Td5 24.f4 f6 25.Te4+/- a posição na sua essência não mudaria.] 24.Tc5 Ab7 25.f4! Agora a vantagem espacial branca se acentua e as pretas ficam privadas de qualquer contrajogo. 25...Td5 26.Rf2 Re7 27.Re3 Rd6 28.b4! Esta jogada e as seguintes incrementam o domínio sobre as casas pretas e o bispo negro fica relegado a um papel de defensor do peão de "a6". 28...Rc7 29.a4! f6 30.a5 Se algum dia o peão de "a6" "cair" o peão branco estará próximo da coroação. 30...Td8 31.Tc4 Ac8 32.Tc5 Te8 33.Rd4 Td8+ 34.Re4 Ad7 35.Tc3 Ac8 36.Tc4 Te8 37.Td4 Os últimos lances vinham sendo feitos para que se aproximasse a jogada de número quarenta e se ganhasse assim mais tempo no relógio. Agora finalmente as pretas se decidem a liberar algo sua posição. Provavelmente isso tenha precipitado os acontecimentos ,mas quem não desejaria ganhar um pouco de ar em uma posição tão restringida ? 37...g6 38.Re3 e5 39.fxe5 Af5 40.Cc5 Claro que as brancas não permitem a troca de seu valoroso cavalo pelo inepto bispo negro. 40...Txe5+ 41.Rf3 Ac8 42.Te4! Rd6 43.Re3 f5? A última imprecisão.A casa "e5" em um futuro não muito distante será uma porta de entrada para o rei branco. Não fazer nada era o mais indicado ,entretanto as vezes é quase impossível não fazer nada ! 44.Txe5 Rxe5 45.c4! Com uma série de manobras simples ,porém precisas, as brancas obrigam o monarca negro a recuar. 45...g5 46.Cd3+ Rd6 47.Rd4 Ad7 48.Cc5 Ac8 49.h4 gxh4 [A tentativa de segurar a casa "f4" com 49...h6 não funcionaria : 50.h5 e as pretas ficariam em "zugzwang".] 50.gxh4 h6 51.Cd3! Ad7 52.Cf4 Ac8 53.c5+ Por fim as brancas ganham acessso a casa "e5" e com isso a partida. 53...Re7 54.Re5 Ad7 55.Ce2 e depois de Cd4 o peão de "f5" estará condenado. 1-0




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